A queda de cabelo é mais comum do que se pensa. Para se ter ideia, a maioria das pessoas experimenta pelo menos um episódio de perda excessiva dos fios por, pelo menos, uma vez na vida.
São muitos fatores podem levar a esse problema, e é por isso que, às vezes, é tão difícil identificar sua causa correta – especialmente quando esse episódio é temporário.
O que muitas pessoas não sabem, no entanto, é que dentre as causas mais comuns para a perda de cabelo, encontra-se a cirurgia! Quando isso acontece, a condição recebe o nome de eflúvio telógeno.
Para saber como esse tipo de procedimento pode influenciar na saúde dos seus cabelos e, claro, entender como restaurar a taxa normal de crescimento dos fios, continue conosco.
Como a queda de cabelos (ou eflúvio telógeno) acontece?
Para entender por que e como a queda de cabelos pode ocorrer após uma cirurgia, é preciso entender, primeiro, como o ciclo normal dos cabelos funciona.
Os bulbos capilares (a parte “viva” do cabelo) têm três fases principais:
- anágena (de crescimento);
- catágena (de involução/regressão);
- telógena (de repouso/quiescência).
Para o couro cabeludo, então, a fase de crescimento em condições normais é de 2 a 8 anos, enquanto a de involução de 2 a 3 semanas, e a de repouso em torno de 3 meses.
Todo mundo está constantemente trocando de cabelo. Portanto, é normal que nós percamos cerca de 100 fios por dia. No entanto, essa taxa pode mudar de acordo com uma série de fatores, incluindo cirurgia.
Durante períodos de estresse, como cirurgia, a maioria dos fios podem entrar prematuramente na fase de repouso (telógena), resultando em perda de cabelo temporária acelerada.
Quando isso acontece, chamamos o evento de eflúvio telógeno.
Sobre o eflúvio telógeno
O eflúvio telógeno é uma forma de alopecia caracterizada pela queda de cabelo difusa, não cicatricial e não inflamatória. Ela é normalmente causada por tipos específicos de estresse que podem resultar na mudança de uma porcentagem muito maior de fios de cabelo para a fase telógena.
Os estressores conhecidos por resultar nesta mudança incluem:
- febre alta;
- infecções;
- cirurgias;
- traumas físicos agudos;
- doenças crônicas debilitantes;
- alterações hormonais;
- perda de peso aguda;
- dieta radical;
- anorexia;
- baixa ingestão de proteínas;
- deficiência de ferro ou zinco;
- toxicidade de metal pesado;
- uso de certos medicamentos como, por exemplo, betabloqueadores, anticoagulantes e retinoides.
A relação direta entre cirurgia e queda de cabelo
A cirurgia, às vezes, pode colocar os folículos capilares em um estado de repouso mais longo do que o normal. Em vez de grandes áreas sem pelo, mais associadas à alopecia areata, é mais provável que você veja cabelos progressivamente mais finos e ralos como resultado do eflúvio telógeno.
A queda do cabelo é mais perceptível aproximadamente dois meses após a cirurgia, durante a lavagem ou penteado do cabelo. Você também notará um afinamento generalizado. Porém, na maior parte, o couro cabeludo e o cabelo remanescente devem ter uma aparência saudável.
No mais, a cirurgia pode causar queda de cabelo relacionada ao eflúvio telógeno das seguintes maneiras:
1. Estresse
Qualquer cirurgia, principalmente aquelas de grande porte, são consideradas processos invasivos ao corpo e, portanto, colocam-no sob muito estresse (físico e mental).
No que diz respeito à perda de cabelo, a queda dos fios após um grande procedimento acontece, normalmente, dentro de 3 a 6 meses. Isso acontece porque o corpo precisa de certos nutrientes para o crescimento do cabelo, como biotina, ferro, zinco e proteína. Um evento estressante, como uma cirurgia, pode fazer com que seu corpo desvie esses nutrientes de seus órgãos vitais. Isso pode levar ao enfraquecimento do cabelo e ao eflúvio telógeno.
2. Alopecia posicional
Dependendo do tipo de cirurgia, o paciente pode permanecer deitado na mesma posição por várias horas (incluindo o tempo de recuperação). Então, quando isso acontece, o paciente pode sofrer uma condição chamada alopecia posicional. Isso ocorre porque o fluxo sanguíneo para os folículos capilares, a depender da posição, pode ser reduzido.
3. Anestesia
Embora essa hipótese ainda seja discutível, alguns médicos suspeitam que pode haver uma ligação entre o uso de anestesia e a queda de cabelo, especialmente com cirurgias que duram algumas horas.
Acredita-se que longos períodos anestésicos podem levar à queda de cabelo relacionada ao eflúvio telógeno, causando redução da divisão celular. A divisão celular mais lenta pode, por sua vez, inibir a atividade do folículo piloso. Porém, esse dado ainda não foi comprovado.
4. Efeitos colaterais a medicamentos
Certos medicamentos tomados após a cirurgia podem causar queda de cabelo, especialmente se o paciente for alérgico a eles. São alguns exemplos de medicamentos associados ao eflúvio telógeno:
- anti-convulsivantes;
- anti-tireoidianos;
- beta-bloqueadores.
5. Tipo de cirurgia
Um fator importante a se considerar, quando pensamos em queda de cabelos, é o local em que o procedimento foi feito, e o seu tipo. Ocorre que, embora todas as cirurgias tenham o potencial de causar eflúvio telógeno, o seu risco é ainda maior quando são feitas:
- incisões no couro cabeludo;
- cirurgias que alteram radicalmente no peso, e na nutrição do paciente como, por exemplo, a bariátrica;
- em locais como cabeça e pescoço.
Como reverter a queda de cabelo após a cirurgia?
O eflúvio telógeno é uma condição temporária que, geralmente, dura até 6 meses. Como regra, não requer nenhum tratamento específico. Porém, é possível reverter a queda de cabelo após a cirurgia eliminando a fonte de estresse e fazendo algumas mudanças no estilo de vida. Confira:
- ter uma dieta nutritiva e rica em ferro, selênio, zinco e antioxidantes (incluindo vitaminas A, C e E);
- praticar exercícios físicos regularmente;
- dormir bem;
- gerenciar o estresse;
- certificar-se de que não tem deficiências nutricionais.
E se a queda de cabelos não melhorar com o tempo?
Embora possa ser preocupante ver que a queda de cabelo aumentou, ou não cessou após a cirurgia, não se desespere. Existem alguns caminhos que podem ser discutidos com o médico para melhorar essa situação. São eles:
- tratamento tópico com minoxidil;
- microagulhamento (estimula os folículos capilares por meio de agulhas finas no couro cabeludo);
- injeções de corticosteroide
- terapias a laser
- Injeções de plasma rico em plaquetas, com ou sem microagulhamento
- Microinfusão de Medicamentos na Pele (MMP) ou intradermoterapia, em que pequenas doses de medicamentos e vitaminas são injetadas no couro cabeludo.
Fonte: Convite à Saúde – Fábio Gontijo (https://conviteasaude.com.br/queda-de-cabelo-apos-cirurgia/)